sexta-feira, 16 de abril de 2010

Todas as mulheres do mundo

Clarisse despertava tarde porque havia chegado no dia seguinte. Cássia tomava um ônibus em direção ao sul. Roberta acabara de brigar com o marido. Amanda aguardava a madrugada para fugir da casa de seus pais. Adriana dava a última aula. Beatriz namorava no cinema. Carolina terminava o quinto livro de Lispector. Marta fumava sem pressa. Juliana penteava sua irmã. Natasha descansava na praça esperando o fim da tarde. Rafaela presenteava Laura com um disco do Pink Floyd. Bianca não se importava com a chuva. Lívia testava sua calça jeans. Daniela sentia saudades da sobrinha. Susana entrava no bar para lanchar. Talita assistia o último capítulo da novela. Camila dizia que não iria ficar mais na cidade. Erica dançava loucamente. Paula dava um mergulho na praia. Fabiana ensaiava para a cena final de uma peça. Gabriela arrumava o quarto. Iona escapava de um assalto. Nina dirigia em alta velocidade. Vanessa roubava o doce de uma criança.

sábado, 10 de abril de 2010

Poesia

A poesia é um milagre divino.
A personificação dela encontra-se num belo par de olhos
Ou num sorriso matinal.

Cada poema é uma arquitetura da alma
Tomo café com Drummond
Almoço com Bandeira
E janto com Neruda

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A casa de Alice


A menina misteriosa o aguardava no fundo da casa enquanto ele apenas respirava fundo e esperava os acontecimentos daquela noite cálida. Haviam trocado olhares alguns dias antes e nunca sustentaram uma conversa. As palavras ficaram em apenas "bom dia", "boa noite" e "até manhã".

O menino sem nome sabia que parte de seu passado estava naqueles olhos esverdeados e nos cabelos da cor de girassol. Foi ao encontro dela, que se mostrava lépida como nunca.

- Você não fala comigo - reclamou logo de cara.

- Temos vidas diferentes - tentou justificar o menino, sabendo que aquela noite era o momento ideal para trocar algumas outras palavras com ela.

Um rapaz alto que passava naquele momento chamou a atenção da moça, que desviou o foco da conversa e passou a praticamente ignorar o menino sonhador.

Minutos depois, chamou-a para dançar convicto de que ficaria mais perto daqueles olhos verdes que tanto o encantavam. Tímida e atordoada,não aceitou e ainda lhe pediu um cigarro. A cada trago, a certeza de que aquele sonho não iria durar muito tempo.

Com manchas de caipirinha na camisa, ele abriu a porta e saiu em direção à escuridão que, naquele momento, já tomava conta dos arredores de Laranjeiras.

Ela não voltou.