sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Separações ? (Domingos Oliveira)

Aos 45 minutos do segundo tempo, sobe a plaquinha indicando substituição. O técnico, percebendo que seu atleta estava cansado, resolve não esperar o fim do jogo e tirá-lo antes para ser homenageado pela torcida. E não deu outra. O atleta saiu ovacionado pelos fãs, que reconheceram o seu esforço.

- Não dá mais para ficar com você. Estou te fazendo mal, você não tem mais tempo para os seus amigos e para se dedicar ao que realmente gosta - ela disse.

- Já esperava isso de você - respondi.

- Ah, você não tem esssa paixão toda por mim ...

- Mas é sempre difícil, ne?

- Eu vou te ligar daqui a 15 dias. Depende de você. Ainda podemos nos ver. Não será como antes, mas não vamos nos separar totalmente

- Pois é ...

- Não diga adeus, espere pelo menos até abril.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A menina do cinema e suas esquisitices

Aquela menina que eu sempre encontrava, às segundas, à tarde, no Arteplex, quase me matou de susto na última quarta-feira. Sempre sorridente, na primeira vez, a encontrei estava sentada com o namorado numa livraria. Na segunda, estava sozinha e correndo para não perder a sessão de "Vick Cristina Barcelona".

Nas duas vezes quase não falou comigo direito.

Estávamos em sua casa. Ela sempre sorridente, ateou fogo contra o próprio quarto. Dez minutos depois, estava desesperada e arrependida. Sua melhor amiga ligou e perguntou:

- Alê, para que isso? Você tem um namorado lindo, uma família, um emprego ...

Ela, então, veio me abraçar, perguntando o que deveríamos fazer

- Primeiro temos de apagar o fogo ... - respondi.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

San Siro (Milão-ITA)



A partida era entre Milan e Livorno. Eu e Daniel Leal adentramos no San Siro, às 14h. Estava um calor absurdo, todavia, o público que chegava vestia-se com roupas de frio. Percebendo que eramos de fora, um italiano avisou:

- À noite esfria heim ...

Então, Leal sugeriu:

- Vamos voltar para o hotel. O ingresso permite entrar qualquer hora.

Estava mesmo cedo para a partida. Mesmo assim, a torcida do Milan fazia uma grande festa. O telão do San Siro mostrava imagens de Kaka, Pato e companhia. Estavamos de frente para a Rossoneri, na parte inferior. Mas o fato mais curioso residia acima de nós. A torcida da Inter também estava no estádio (com suas faixas e tudo mais).

- Por que eles estão aqui ? - indaguei.

- Vieram torcer contra - respondeu Daniel com um leve sorriso.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Irmãos Porta e Pavão - Parte III

Pedro Porta aproveitara os momentos de solidão para se livrar daquilo tudo que o irritava em Gabriela. As festas e os jantares de família, as pessoas falando alto, as músicas bregas, os falsos amigos, os compromissos, enfim, na falta do que fazer, era o consolo que o mantinha respirando e aspirando uma pessoa mais fina, inteligente e com gostos melhores.

Sem perceber, Porta encontrou a pequena. E era mais linda do que Gabriela. Os dois se beijaram diante de um sambão de Chico Buarque. Momento perfeito se não fosse o grau etílico do rapaz, que estava tão bebado e acabou esquecendo de pedir o telefone da moça. A única lembrança que teve foi ver aqueles lindos e lisos cabelos compridos atravessando a porta e indo embora.

No dia seguinte seus amigos perguntariam quem era a moça, mas Porta envergonhado respondenderia que não sabia quem ela era.

O moço lembrara naquela tarde da última vez que vera Gabriela na vida. Não disse um "adeus" para a pessoa que não poderia mais viver sem, apenas se afastou e foi embora.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Irmãos Porta e Pavão - Parte II

Um dia, já desanimado, Pedro Porta escuta seu coração batendo mais forte ao reencontrar Gabriela. Era uma sexta-feira e ele teria de trabalhar no sábado seguinte, em plena folga.

- Como você está? - ela pergunta

Sua vontade na hora foi responder: "estou péssimo, e você deveria saber o que você fez com a minha vida", mas diante de tanto orgulho e de um coração totalmente destroçado apenas diz:

- Estou bem ...

Porta não aguentou a emoção e dias depois brigaria com sua última namorada para romper com tudo que lembrava a moça: pessoas, fotos, cartas, músicas e lugares. E não tocava no assunto com ninguém. E quando alguém mencionava seu nome, ele retrucava: "Quem ?"

Enquanto isso, Edmundo Pavão sempre acreditava no amor citando Vinícius de Morais. Mas não era amor barato, era o amor que fazia a terra tremer quando dois amantes estavam juntos. Pavão era um idealista, uma das poucas pessoas que existem no mundo. Um apaixonado. Naquela tarde de outubro, havia recebido um convite para sair:

- Vamos no Rio Scenarium? Muita gringa, mulheres sedentas por sexo ...

- Hmmm. Não vou não. Ficarei em casa mesmo.

- E o Carnaval ?

- Não sei. Quero ficar longe do Rio.

- Como assim?

Pavão pensava que não encontraria naquela noite uma alma tão perdida quanto a sua. E já sem salvação, optou por acordar bem no dia seguinte para se dedicar a sua verdadeira menina de ouro, a banda "Disco 5".

domingo, 4 de janeiro de 2009

Irmãos Porta e Pavão - Parte I

Pedro Porta acabara de terminar o namoro de um ano e um mês com Gabriela, sua professora de inglês. Dois dias depois, acordou ao lado de uma menina que havia conhecido no Sul e cujo sobrenome era Fim. Coincidências à parte, meio arrependido, o rapaz olhou a janela, ouviu o barulho de carros e logo em seguida concluiu: "Tenho de sair logo". Ele fitou a moça, que ainda dormia, vestiu-se com sua velha calça jeans, sua roupa de couro e voltou para casa. Estava próximo à Farani, onde pela primeira vez, desejou nunca ter pisado naquele local.

Porta não era mais um adolescente. Já tinha seus 26 anos, mas conservava a boa aparência e estava sempre bem arrumado. Dizia que gostava de ir no evento e beber até "decretar que estava bêbado". Naquele dia, no entanto, a vida virava de cabeça para baixo.

No mesmo instante, seu irmão, Edmundo Pavão, rapaz franzinza e barbudo, ensaiava com sua banda, "Disco 5", no Grajaú. Ele estava meio chateado porque havia brigado com o Nicole, seu grande amigo de faculdade. Pavão era mais moço, mais reservado e mais contido, embora deixasse transpirar suas emoções. Uma contradição que sustentava desde os 18 anos, quando conheceu Maria, sua primeira namorada.

À tardinha, diante do silêncio da Rua General Glicério, em Laranjeiras, Porta percebeu a imensidão de seu vazio. Encontrou o irmão e poucas pessoas sentadas no Vilarino e balbuciou:

- Eu e eles. E a nossa dor.

continua ...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

31 de dezembro de 2008

Passei o ano novo com a mais fiel e companheira do que qualquer mulher, mais astuta e sábia do que qualquer ancião, acolhedora e paciente como uma figura materna.

Comecei o ano ao lado de uma pessoa que me acompanhou durante o ano todo e me acolheu nos momentos mais difíceis, transformando a tristeza em alegria.

Passei o ano com a ... bebida!