segunda-feira, 24 de agosto de 2009
33 dias
Liberdade máxima.
Andarilho solitário.
Viajante asteta.
Música e um pouco de literatura para acompanhar.
Adaptado a todos os ambientes
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Valsinha
Qual será o nome dela ? Diana, Beatriz, Juliana, Luíza, Patrícia ou Sabrina? Como estará vestida ? Que samba tocará quando estivermos juntos ? O que estarei pensando no dia seguinte quando estiver caminhando na areia ou mergulhado na água gelada de Ipanema ?
Quantas horas eu demorarei para sentir saudade da noite passada? Quantos minutos para estar sozinho novamente?
Quantas horas eu demorarei para sentir saudade da noite passada? Quantos minutos para estar sozinho novamente?
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Passagem para ...
O relógio apontava 1h da manhã. O Baixo continuava cheio, mas muitos tomavam o caminho de casa. No mesmo instante, Pedro, o cidadão europeu, convida a roda de amigos para uma saideira colossal. Adentramos no restaurante e sentamos à mesa forrada com uma toalha vermelha.
- Estamos fechando - tentou nos brecar o garçom
- Cachaça para todos - bradou o moço do Velho Continente, ignorando a ordem do garçom.
Como forma de vingança, o mètre, nos encarando, trouxe um copo inteiro da malvada e não uma dose conforme fora pedido. Anna Paula foi a primeira a refutar:
- Não posso tomar isso
De imediato, alertei:
- Isso não é uma cachaça. É uma passagem só de ida para o inferno.
- Drink no inferno - respondeu Joana sorridente
- Sympathy for the Devil
- Welcome to the Jungle
E desceu o destilado aniquilando os últimos presentes naquele restaurante.
- Estamos fechando - tentou nos brecar o garçom
- Cachaça para todos - bradou o moço do Velho Continente, ignorando a ordem do garçom.
Como forma de vingança, o mètre, nos encarando, trouxe um copo inteiro da malvada e não uma dose conforme fora pedido. Anna Paula foi a primeira a refutar:
- Não posso tomar isso
De imediato, alertei:
- Isso não é uma cachaça. É uma passagem só de ida para o inferno.
- Drink no inferno - respondeu Joana sorridente
- Sympathy for the Devil
- Welcome to the Jungle
E desceu o destilado aniquilando os últimos presentes naquele restaurante.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Lágrimas de um pavão
Ao contrário de seus companheiros que se vestiam de forma despojada como os jovens de hoje em dia, Pavão foi ao show de sua banda como se fosse a um jantar de família.
Diante de tantas pessoas desconhecidas que gritavam o nome da Disco 4, uma menina lhe chamou atenção. Durante a canção "Pequena" ela chorava copiosamente cantando cada palavra. Pavão percerbera que sua música emocionava pessoas e também foi às lágrimas.
Após o concerto, o vocalista da D4 recebeu efusivos "irado o seu show". Tímido, ele só respondia:
- Pô ... valeu.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Mal estar no país do Carnaval
Quando Freud escreveu "Mal Estar na Civilização", em 1929, o mundo vivia um período turbulento. A queda da Bolsa de Valores americana e o clima de desconfiança pairavam sobre a humanidade. Anos antes, o mundo viveu sua Primeira Guerra Mundial. Não haveria momento mais oportuno para o psicanalista escrever tal obra.
Num mundo onde as fronteiras não existem, o capital produz a ganância pelo “ter” em detrimento do “ser”, sem instituições para nos amarrar e dar um sentido, a felicidade resolve os problemas e o nosso desejo é escapar da dor. Então, precisamos de algo para suprir a falta e o vazio. “Saídas” não faltam, porém, ledo engano, elas são efêmeras, acabamos voltando ao mal-estar.
Uma das saídas que Freud apontou é a substituição. Nada melhor que o tradicional Carnaval brasileiro para ilustrar e exemplificar o mal estar. Uma celebração pagã com quatro dias de puro êxtase, devaneio, delírio coletivo, catarse e escapismo, quando ritmos alucinantes regados ao álcool e sexo sem limites reforçam a ilusão de que é possível escapar: “E um dia, afinal, tinham direito a uma alegria fugaz, uma ofegante epidemia, que se chamava Carnaval, o Carnaval, Carnaval.”
Curiosamente, o período tão aguardado pelos brasileiros se opõe as palavras de Freud: não há civilização sem restrição da sexualidade. Com toda castração, onde estaria o superego nos quatro dias de Carnaval? Diante do frenesi e da pressão da velocidade de informação, da quantidade de estímulos que aumenta a angústia, o estimulo ao gozo é sempre constante.
A proposição contemporânea de “gozar o tempo todo” confunde o ser humano. Isso ocorre porque ele precisa de um objeto e a sociedade afirma que este existe, seja representado por uma pessoa, seja por outro objeto da realidade humana – a Bolsa de Valores, por exemplo. Contudo, tanto o outro quanto o capital são ineficientes na missão de satisfazer completa e constantemente, e a esperança do prazer total passa a ser concentrada em outros objetos – como o órgão sexual – e em comportamentos pueris tomados por um impulso infantil.
Ao juntar a ineficiência dos objetos de gozo em prover satisfação total e a neurose vivida pelo ser humano contemporâneo, percebe-se um movimento cada vez mais paradoxal no âmbito dos relacionamentos sociais. As relações afetivas, por exemplo, são cada vez mais frágeis por serem tomadas pelo medo da perda e, ao mesmo tempo, pelo desejo constante da satisfação sexual. A dinâmica destes relacionamentos passa a ser a “dinâmica do laço”, na qual o movimento de “manter o laço” e de “romper o laço” ocorre continuadamente, sempre no sentido de agredir e hostilizar o objeto de prazer devido à dependência afetiva e às neuroses contemporâneas.
Mesmo que a sociedade contemporânea proponha ao ser humano o gozo constante, ninguém conseguiu ainda ser completamente feliz. Isso porque a Lei ainda existe e o ser humano – pelo menos em sua representação social – não é perverso o suficiente para evitá-la a todo momento. A felicidade surge, tímida e pontualmente, nos cada vez mais raros (ou comuns, dependendo do nível de perversidade do indivíduo) momentos em que nos permitimos infringir a Lei.
Assim, temos o homem contemporâneo, desamparado, histérico, perdido sem nenhum sentido e consumindo múltiplas identidades.
Num mundo onde as fronteiras não existem, o capital produz a ganância pelo “ter” em detrimento do “ser”, sem instituições para nos amarrar e dar um sentido, a felicidade resolve os problemas e o nosso desejo é escapar da dor. Então, precisamos de algo para suprir a falta e o vazio. “Saídas” não faltam, porém, ledo engano, elas são efêmeras, acabamos voltando ao mal-estar.
Uma das saídas que Freud apontou é a substituição. Nada melhor que o tradicional Carnaval brasileiro para ilustrar e exemplificar o mal estar. Uma celebração pagã com quatro dias de puro êxtase, devaneio, delírio coletivo, catarse e escapismo, quando ritmos alucinantes regados ao álcool e sexo sem limites reforçam a ilusão de que é possível escapar: “E um dia, afinal, tinham direito a uma alegria fugaz, uma ofegante epidemia, que se chamava Carnaval, o Carnaval, Carnaval.”
Curiosamente, o período tão aguardado pelos brasileiros se opõe as palavras de Freud: não há civilização sem restrição da sexualidade. Com toda castração, onde estaria o superego nos quatro dias de Carnaval? Diante do frenesi e da pressão da velocidade de informação, da quantidade de estímulos que aumenta a angústia, o estimulo ao gozo é sempre constante.
A proposição contemporânea de “gozar o tempo todo” confunde o ser humano. Isso ocorre porque ele precisa de um objeto e a sociedade afirma que este existe, seja representado por uma pessoa, seja por outro objeto da realidade humana – a Bolsa de Valores, por exemplo. Contudo, tanto o outro quanto o capital são ineficientes na missão de satisfazer completa e constantemente, e a esperança do prazer total passa a ser concentrada em outros objetos – como o órgão sexual – e em comportamentos pueris tomados por um impulso infantil.
Ao juntar a ineficiência dos objetos de gozo em prover satisfação total e a neurose vivida pelo ser humano contemporâneo, percebe-se um movimento cada vez mais paradoxal no âmbito dos relacionamentos sociais. As relações afetivas, por exemplo, são cada vez mais frágeis por serem tomadas pelo medo da perda e, ao mesmo tempo, pelo desejo constante da satisfação sexual. A dinâmica destes relacionamentos passa a ser a “dinâmica do laço”, na qual o movimento de “manter o laço” e de “romper o laço” ocorre continuadamente, sempre no sentido de agredir e hostilizar o objeto de prazer devido à dependência afetiva e às neuroses contemporâneas.
Mesmo que a sociedade contemporânea proponha ao ser humano o gozo constante, ninguém conseguiu ainda ser completamente feliz. Isso porque a Lei ainda existe e o ser humano – pelo menos em sua representação social – não é perverso o suficiente para evitá-la a todo momento. A felicidade surge, tímida e pontualmente, nos cada vez mais raros (ou comuns, dependendo do nível de perversidade do indivíduo) momentos em que nos permitimos infringir a Lei.
Assim, temos o homem contemporâneo, desamparado, histérico, perdido sem nenhum sentido e consumindo múltiplas identidades.
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